segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Do avesso
domingo, 20 de setembro de 2009
O Início
O céu estava coberto de uma densa camada de nuvens negras, todas as estrelas haviam se escondido,nem mesmo a lua desejava ser testemunha do que aconteceria àquela noite, que talvez entrasse para a história como a noite amaldiçoada.
Os raios cortavam os céus anunciando a grande tempestade que estava por vir, a muito os seres que habitavam aquelas terras não presenciavam nada parecido.
Muito longe da civilização era possível avistar uma velha cabana de madeira e telhado de palha, perecia abandonada, a não ser pelas luzes das velas que insistiam em permanecer acesas apesar da ventania e dos primeiro pingos de chuva que teimavam em atravessar o raro telhado que protegia aqueles que habitavam a casa: uma mulher que estava prestes a dar a luz, uma parteira que a ajudava e uma belo homem de olhar frio, que apenas observava tudo de longe.
A mulher estava banhada em suor e sangue, sua pele já muito branca, agora era pálida como a de um cadáver, de seus olhos verdes caiam grossas gotas de lágrima, estava muito cansada, já não tinha mais forças para lutar, sentia que a vida esvaia-se de seu corpo, mas daria a vida por seu filho, pelo único fruto de seu amor, que guardava em seu ventre. A parteira estava coberta pelo desespero, sabia que trazendo aquela criança ao mundo poderia destruir tudo e todos e tantas vezes exitou dentro de seu coração e implorou para que a mulher e a criança morressem aquela noite, assim não seria tomada de nenhum remorso, nem mesmo culpada por trazê-lo ao mundo. Depois de muitas tentativas em vão a parteira deixou o quarto ajoelhou-se próxima a uma vela, juntou as mão e começou a rezar, o homem aproximou-se um tanto inquieto.
- O que fazes aqui? Não vês que minha mulher esta morrendo naquele quarto e com ela meu filho! - os olhos do homem ganharam um brilho estranho, a mulher estremeceu.
- Lord Krane, vosso filho não quer nascer, não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar!
- Não fizeste todo o possível, senão meu filho estaria em meus braços nesse momento, volte para aquele quarto e só saia dele com meu filho vivo em teus braços.
- Senhor este pequeno anjo sente o mal que o espera, e Deus não está de acordo, por isso proíbe-o de vir a terra.
- O teu Deus nada tem haver com isso, este é um mundo que ele esqueceu a mercê dos homens, ele não interfere nas decisões aqui tomadas, da mesma forma que não interferimos no céu. - Krane segurou o braço da mulher com força - agora faça o que te mandei antes que eu realmente me enfureça.
A parteira retornou ao quarto, agora sob o olhar inquisidor de Lord Krane, que mantinha a mesma expressão fria, quando a mulher deu um grito de agonia muito forte, Krane adentrou ao quarto e no colo da parteira viu seu filho envolvido por um pano, e a mulher quase sem vida caída na cama, sem nenhuma reação, a respiração quase sumindo, ele aproximou-se da cama ajoelhou.
- Madeline, ele está vivo - Krane acariciou seus cabelos encaracolados, beijou-lhe a testa suada.
- Krane prometa-me - Madeline respirou fundo como se procurasse forças para falar - Áquila! - neste instante ela fechou os olhos e não emitiu mais nenhum som
domingo, 13 de setembro de 2009
Epílogo
Existiram coisas!
Sim existiram, e hoje não mais existem, desapareceram com as luzes de um novo dia. Foram para não serem ultrapassados e perderem seu doce valor. Nem as vi sumirem, apenas aconteceu, e quando abri novamente meus olhos, não consegui me lembrar de sua forma ou de seu tamanho. Lembro apenas que existiram coisas...
Existiram pessoas!
Sim existiram, e ao seu lado caminhei, sua voz melódica ouvi soando agressiva com seus conselhos, e afetuosa com seu amor, senti seus abraços, seu calor e sua frieza, hora acariciavam-me hora era esbofeteado, provei seus beijos, doce no inicio e amargo ao fim, como um sonho que se fecha em pesadelo. Joguei seus jogos e perdi, fui seduzido e perdi, os encontrei e me perdi, e ao me perder, os perdi também! Quando olhei para os lados, me vi só, não lembro de seus rostos, ou suas vozes, sei apenas que existiram pessoas...
Existiram músicas!
Sim existiram, embalavam meus momentos tornando-os imortais, nasci com esse som, cresci com esse som, e espero morrer com esses som. Quantos sim, quantos não foram ouvidos junto a esse som. E sem mesmo uma prévia se calou, o silencio me cobriu, não as ouço, mas sei que existiram músicas...
Existiram sonhos!
Sim existiram...
E não existem mais!
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domingo, 6 de setembro de 2009
Pequena História de Amor?
Nuvens negras, começam a se aproximar, dando um tom cinza ao céu, logo todos os raios amarelos se vão, e um laranja queimado, toma todo horizonte! Em breve purpura e depois a escuridão absoluta.
Escuridão companheira, cúmplice, encobre meus erros, esconde meus pecados, protege de mim, minha maldita vida sem sentido.
O vento toca meu rosto com seu beijo suave e fatal, tal qual o beijo de Judas, antes de entregar o Cristo.
- Droga! Uma gota de chuva, ou seria uma lágrima? Mas quem lamentaria por mim? O sol já me abandonara! Talvez a lua? Mas nem seu pálido rosto havia mostrado ainda... Resta quem?
- Deus? – uma leve risada – Apenas chuva! A molhar meus cabelos, meu rosto, meu corpo – levanta-se e começa a correr.
- Bem, até que não demorou muito a passar; diz jogando os cabelos molhados para traz, tira os óculos e enxuga as lentes – hoje nem a chuva é demorada! Beijos, abraços, o dia, a noite, o sexo, tudo é rápido demais.
Lembro-me dos meus 16 anos! – coloca o bloco de anotações no bolso, acende um cigarro e recomeça a caminhar – Tudo era demorado, o que nós chamamos de semanas, eram meus dias. Meu primeiro beijo aos 16 anos (até a idade com que se começava era demorada), demorou cerca de 10 minutos.
Ah ... seu rostinho! Suas sardas, o cabelo ruivo trançado, os belos olhos verdes...
Eunice! A conheci em um parque de diversões...
- Hei, já ouviu Gex Sistols – perguntou ela, mascando seu chiclete e enrolando as pontas do cabelo nos dedos.
-Já! – disse eu quase engasgando de tão nervoso que eu estava – Eu devo ter uns dois discos (até o nome era mais demorado).
- Surgiu uma banda em Brasília que se inspirou neles! – ela soltou o cabelo e começou a puxar a ponta do chiclete e depois a colocava de volta na boca.
- Eu conheço! Conheço todas as músicas deles, poxa! As ideias daquele cara são extremamente incríveis.
- Também acho, sem contar a voz! Ele é perfeito, até os óculos são perfeitos. – Eu tirei e coloquei os meus óculos na esperança de fazê-la perceber que eu também os usava.
- Sei lá, talvez, poderíamos marcar em minha casa, pra você ouvir os discos que eu tenho...
Até as desculpas eram demoradas! Perceba a diferença!
- Talvez, se você quiser, poderíamos marcar um dia para que você fosse em minha casa, pra eu te mostrar os meus discos...
- Vamos até ali???
Notou!!!
Duas semanas depois, a campainha tocou, e quando abri a porta, me deparei com uma imensa bola de chiclete, e por trás dela, Eunice!
- Você tem algum disco do Bad Seffeskin? – perguntou invadindo a minha casa.
- Não, mas tenho dos The Splits e do Poors – trancando a porta – Venha! Estão no meu quarto!
- Seu quarto? – ela me olhou assustada – Não posso ir lá, o que vão pensar de mim?
- Ué! Nada! Ninguém vai saber.
- Cadê seus pais?
- Foram ao super mercado!
- Vamos logo! – ela pegou minha mão e subiu as escadas correndo, eu abri a porta e Eunice adentrou meu mundo.
Aproximou-se da minha vitrola, colocou um disco dos poors, eu sentei em minha cama e comeceia observa-la. A menina caminhou por todo o quarto até achar um livro de poesias.
- Porque você não escreve suas próprias poesias? – disse abrindo o livro , folheou as paginas, olhou-me nos olhos – Escreva pra mim!
Eu gaguejei
- Escrever o que?
- Um livro oras, escreva um e dedique para mim, fale de mim nos poemas, fale da nossa tarde! – sorriu trocando o disco dos Poors pelo dos Splits.
- Vou escrever o que? Escrever que passamos a tarde em meu quarto ouvindo meus disco? – deitei-me de costas na cama, ela por sua vez deitou ao meu lado e ficou olhando para o teto.
- Escreva sobre isso! – ela apoiou-se nos cotovelos e beijou-me.
Doce como o mel
Delicada como uma flor
Quente como o sol
Aquecendo todo o meu gélido corpo.
- Eunice! Eunice! Como gritei seu nome após isso, como a desejei, como quis tocar seu corpo, acariciar sua pele. Todos os meus sonhos tinham o rosto de Eunice!
Mas depois daquele dia, nem seu nome eu ouvi mais. Toas as vezes que meu telefone tocava (e demorava muito a tocar) eu esperava ouvir a voz dela. Mas foi em vão, acho que até hoje espero...
Ela se foi e nada deixou
Um beijo talvez
Um abraço e nada mais
Um anjo e se foi
Deixou-me triste
Só
Contando sombras
Ouvindo vozes
Ficando Louco...
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