domingo, 30 de agosto de 2009

"AINDA"


- Onde estão todos?


Abriu os olhos sonolentamente, olhou para todos os lados, e tornou a fechá-los. Adormeceu profundamente por mais algumas horas, sonhou, há muito tempo não sonhava, mas um sonho confuso, cheio de pessoas e coisas que jamais teve contato algum, sabia que era sonho, são tão estranhos estes sonhos no qual temos total consciência que estamos sonhando, uma maneira de estar acordado quando se está dormindo, pode ser até confuso, mas sonhos são confusas representações de nosso desejos ou até mesmo de nosso cotidiano. Descia algumas escadas até uma espécie de porão, ah, as escadas eram amarelas, apesar de dizerem que sonhos são em preto e branco, as escadas eram amarelas, o porão não tinha cor, parecia um sebo, desses que vemos no centro da cidade, com muito livros, várias caixas com revistas, discos, posters e outras bugingangas, em meio a isso eu encontrou um livro grosso com a capa preta envolto por correntes, coisas estranhas vemos o tempo todo até em sonho.

Quando levantou-se o sol já havia se posto há horas, mesmo assim abriu as janelas, queria respirar e ver como estava a noite!


- Belissima!


Depois de muitos minutos no banho, vestiu-se e saiu, estava a procura de algo, o que, ninguém sabe, mas caminhou, caminhou até se cansar, até perder o folego, até sentir os pé doerem, arderem, queimarem, até nem mesmo saber onde estava, até a escuridão cobrir todo o céu, as estrelas se perderem e a lua majestosa e impiedosa virar as costas a todos, inclusive a ele mesmo. Sentou-se sobre uma guia, sentia seus pés latejarem, formigarem, alguém desconhece a agonia provocada por um formigamento nos pés??? Acho que não! Até os pés pararem de doer!


- Acho que é isso!


Caminhou novamente em direção ao seu refugio, na volta pode observar algumas pessoas na rua, acreditou que estivesse voltando de uma festa, "balada", ou qualquer nome que as pessoas davam a esse tipo de divertimento vazio, cigarros nas mãos, garrafas de bebidas, e garotas destruidas pela vulgaridade imposta pela sociedade, "gostosa, porém burra", maquiagem exagerada que algum dia vão se arrepender muito de terem usado tal quantidade em peles tão novas, roupas curtas, rasgadas, transparentes, mostrando toda a "sensualidade" de uma menina, agarradas ao pescoço de um homem de muito mais idade que elas, em busca de que? Segurança? Liberdade? Divertimento? Dinheiro? Ou de um pai? Pois em uma sociedade que uma porcentagem absurda de pessoas que não sabem quem são seus pais, e aqueles que sabem se recusam a reconhecê-lo como o tal, as meninas buscam uma pai, ao invés de um marido buscam simplesmente um pai, mas a ultima coisa que esses homens desejam dessas meninas é ser um pai.


- E lá se vão!


Não se lembra em momento nenhum de ter esse sentimento, de sentir de necessidade de uma pessoa de algum objeto, na verdade não era nem de longe consumista, só sentia um vazio,algo que não sabia explicar, e mesmo que tentasse ninguém entenderia, tratava-se de algo abstrato, então restava apenas procurar, sabia que um dia encontraria, podia ser hoje no caminho para casa, ou amanhã e um de seus passeios noturnos, ou no proximo mês, ano, década.

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