domingo, 20 de setembro de 2009

O Início



O céu estava coberto de uma densa camada de nuvens negras, todas as estrelas haviam se escondido,nem mesmo a lua desejava ser testemunha do que aconteceria àquela noite, que talvez entrasse para a história como a noite amaldiçoada.

Os raios cortavam os céus anunciando a grande tempestade que estava por vir, a muito os seres que habitavam aquelas terras não presenciavam nada parecido.

Muito longe da civilização era possível avistar uma velha cabana de madeira e telhado de palha, perecia abandonada, a não ser pelas luzes das velas que insistiam em permanecer acesas apesar da ventania e dos primeiro pingos de chuva que teimavam em atravessar o raro telhado que protegia aqueles que habitavam a casa: uma mulher que estava prestes a dar a luz, uma parteira que a ajudava e uma belo homem de olhar frio, que apenas observava tudo de longe.

A mulher estava banhada em suor e sangue, sua pele já muito branca, agora era pálida como a de um cadáver, de seus olhos verdes caiam grossas gotas de lágrima, estava muito cansada, já não tinha mais forças para lutar, sentia que a vida esvaia-se de seu corpo, mas daria a vida por seu filho, pelo único fruto de seu amor, que guardava em seu ventre. A parteira estava coberta pelo desespero, sabia que trazendo aquela criança ao mundo poderia destruir tudo e todos e tantas vezes exitou dentro de seu coração e implorou para que a mulher e a criança morressem aquela noite, assim não seria tomada de nenhum remorso, nem mesmo culpada por trazê-lo ao mundo. Depois de muitas tentativas em vão a parteira deixou o quarto ajoelhou-se próxima a uma vela, juntou as mão e começou a rezar, o homem aproximou-se um tanto inquieto.


- O que fazes aqui? Não vês que minha mulher esta morrendo naquele quarto e com ela meu filho! - os olhos do homem ganharam um brilho estranho, a mulher estremeceu.


- Lord Krane, vosso filho não quer nascer, não nada que eu possa fazer, a não ser rezar!


- Não fizeste todo o possível, senão meu filho estaria em meus braços nesse momento, volte para aquele quarto e só saia dele com meu filho vivo em teus braços.


- Senhor este pequeno anjo sente o mal que o espera, e Deus não está de acordo, por isso proíbe-o de vir a terra.


- O teu Deus nada tem haver com isso, este é um mundo que ele esqueceu a mercê dos homens, ele não interfere nas decisões aqui tomadas, da mesma forma que não interferimos no céu. - Krane segurou o braço da mulher com força - agora faça o que te mandei antes que eu realmente me enfureça.


A parteira retornou ao quarto, agora sob o olhar inquisidor de Lord Krane, que mantinha a mesma expressão fria, quando a mulher deu um grito de agonia muito forte, Krane adentrou ao quarto e no colo da parteira viu seu filho envolvido por um pano, e a mulher quase sem vida caída na cama, sem nenhuma reação, a respiração quase sumindo, ele aproximou-se da cama ajoelhou.


- Madeline, ele está vivo - Krane acariciou seus cabelos encaracolados, beijou-lhe a testa suada.


- Krane prometa-me - Madeline respirou fundo como se procurasse forças para falar - Áquila! - neste instante ela fechou os olhos e não emitiu mais nenhum som


Lord Krane beijou-lhe os lábios, enxugou uma lágrima, manchando o rosto de vermelho, tomou dos braços da parteira a criança, envolveu-a com sua capa aconchegando-o em seu colo. Dirigiu -se para fora da casa, onde o céu milagrosamente havia aberto e a lua tomado o seu lugar majestosa como uma verdadeira deusa, rodeada por sua pequenas e brilhantes suditas. Ele subiu em seu cavalo, deixando para trás aquele lugar, aquelas pessoas, Madeline, deixando seu passado e preparando-se para um futuro incerto, do qual ele tinha apenas uma certeza. A certeza que estava agora em seus braços, e ele tinha o dever de proteger, para que a profecia se cumpra.

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